Olhar para as diferenças – Jardim de Toda Flor
JARDIM DE TODA FLOR
Ali naquele jardim, uma flor vivia tristinha Ninguém dava bola pra ela, nem via a beleza que tinha Só porque, desde pequena, ela tinha uma diferença Uma pétala a menos, uma marca de nascença Até que um belo dia plantaram outra flor ao lado Também meio diferente tinha o caule bem dobrado Foi um bafafá danado, foi aquela ladainha A florzinha que já era sofrida, teve pena da vizinha Mas aí aconteceu coisa que nunca se viu A flor nova calou todos somente com um “psiu” E fez uma fala bem forte sobre o que é ser diferente Disse que ali todas eram, do jeito que é com gente “Tem o grande, o pequeno, o branco, o preto, é assim” Ela falava empolgada, tudo tintim por tintim “Tem que respeitar a flor, cada uma tem seu jeito Cada uma é como é, não pode haver preconceito” “Tem flor de uma cor só, também tem flor colorida, Tem flor até com espinho, tem que viver escondida?” Aí a florzinha sorriu e viu que uma coisa mudava Ela era igual a todas, mesmo se a pétala faltava Foi assim que cada flor descobriu uma verdade A sua marca diferente, chamada identidade E o jardim ficou mais lindo, daquele dia em diante Porque cada uma delas sentiu que era importante
Textos: Ricardo Mello
Pernambuco, 2019.
